quarta-feira, 6 de julho de 2016

Análise do poema "Descobrimento" - Mário de Andrade

DESCOBRIMENTO

Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu.


O poema retrata sobre a vida de um homem, morador da grande São Paulo, que está em seu aposento (casa, lar) quando de repente sentiu um friúme (frio, mas a maneira empregada no texto também podemos interpretá-lo como arrepio/sensação ruim) que encaminhou seus pensamentos na direção das pessoas do Norte do Brasil. O mesmo imagina um pobre homem cujo corpo demonstra as marcas do sofrimento de um trabalho duro que enfrenta em seu dia a dia por um mau salário. E faz por última a comparação entre ele e o trabalhador, ambos brasileiros, mas que se encontram em situação completamente diferentes.

O poeta retrata tais fatos que nos fazem refletir sobre a desigualdade do nosso país, tanto antigamente como nos dias atuais essa desigualdade encontrada é muita, enquanto uns estão no conforto da sua casa e tem “demais”, outros enfrentam uma realidade mais dura para conseguir seu sustento.

O poema é narrado em primeira pessoa, ou seja, por um eu-lírico.

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